Acabei de chegar a casa. A seguir ao almoÇo decidi ir dar uma passeio sozinha pela Vila para desenhar (a ver se nao lhe perco o jeito).
Comecei a subir e fui até à Ermida. Quando cheguei lá acima... Bem... Foi assim um momento "daqueles". Nao havia mais ninguém ali, nem sequer perto e o único barulho que se ouvia era o do vento (que nao era pouco). A primeira visao que se tem é uma grande área de chao ladrilhado, cor de terr,a com pequenas oliveiras plantadas seguindo uma geometria meticulosa, encerradas em canteiros. Numa ponta, por entre as oliveiras, via-se um aglomerado de cactos e a toda a volta as montanhas. A quebrar esse pano de fundo estava a Ermida, que ali tao isolada, apesar de ser muito simples, torna-se imponente.
Só queria que estivessem ali comigo para sentirem como eu, aqui nao vou conseguir explicar...
O Sol já estava a baixar e nessa altura do dia, parece que tudo fica mais poético e com uma vida qualquer que nao tem durante o dia.
O desenho de linhas paralelas e perpendiculares do chao era imperativo: "dirige-te para aqui ou para aqui, mas parada aí na entrada nao podes ficar!" e lá comecei a andar por um dos lados da ermida. Era assim uma sensaÇao idílica, sei lá. Pode parecer parvo, mas desde que cheguei, este foi o sítio mais bonito onde estive. Ou melhor, o momento mais bonito onde estive.
Continuei a andar devagar e sentei-me ao pé de um pinheiro grande que apoiava toda a sua sombra na ermida. As montanhas têm um desenho tao suave aqui. Aqui, as montanhas ondulam.
Comecei a desenhar a carvao, mas aquilo em que mais reparei o tempo todo foi no amarelo cada vez mais torrado do pôr-do-Sol. Olhei para trás e pensei que descobri o sítio perfeito, o sítio onde o Sol de certeza se prefere pôr. Foi qualquer coisa...vè-lo a esconder-se cada vez mais atrás das montanhas, e a deixar para trás uma tinta qualquer que dourava tudo: os meus cabelos, a minha folha, as paredes da ermida, as folhas das oiveiras, as pinhas, o chao, os telhados das casas... Ali temos a vila aos nossos pés, como um aglomerado de chapéus.
Hora de ir para casa, com a certeza de voltar amanha e sempre que apetecer. É sem dúvida o meu sítio especial aqui e assim, aqui, já me sinto mais especial.
No caminho muitos miúdos a brincar. Parece que todos acharam graÇa à minha bóina, porque paravam a olhar:)
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